terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pirata


A vida é realmente irônica. Para quem dizia não querer se apaixonar aquilo era um pesadelo. Quando me dei conta já estava deslumbrada e completamente enamorada. Em menos de um minuto, assim do nada, de uma hora para outra.
De repente lá estava ele, assustado, porém lindo, doce, sério e ao mesmo tempo tão risonho, uma adorável mistura de homem e menino. Mal chegou e já conquistou a todos com uma personalidade penetrante.
Feito um pirata, na calada da noite roubou meu único bem, aquele pelo qual eu era enaltecida. Foi-se meu coração fabricado de uma pedra preciosa raríssima. O pirata levou-o consigo, não tive tempo de tentar qualquer defesa, ele foi bem mais rápido.
Assim como veio foi-se, feito chuva de verão que ninguém espera, mas sabemos que ela vem e tão logo se vai, pega-nos de surpresa sem proteção, agasalho, marquise...
Em um instante eu era a garota livre de quaisquer amarras do coração. Meu Deus! Como isso me fazia bem! Mas, no instante seguinte me desconhecia, não sabia dizer o que estava acontecendo. Finjo que não reconheço os indícios. No entanto, de repente o desespero, que raiva de mim, por quê? Por quê? Logo eu que tanto evitei, e agora o que acontece? Nada, é chegada a hora.
Sinto o perfume de seus cabelos pela primeira e última vez, experimento o leve toque da barba macia em minha face, apressadamente despeço-me e ele se vai a passos firmes. Uma parede de vidro nos separa, vejo-o desaparecendo através dela. Ele segue em direção ao cais, onde um navio imponente o espera, o navio do pirata. É lá seu lugar, sua casa, sua liberdade.
E aqui em terra firme estou eu, vazia e sem coração, pois este está com o pirata, já em alto mar. O que ficou no lugar foi dor, muita dor, dúvidas e medo. O que fazer? Tenho vontade de sair correndo segurá-lo e não deixa-lo partir, ao invés disso, fico olhando aquela embarcação até que ela desaparece por entre a neblina da noite.
Enxugo as lágrimas, disfarço, vejo se há alguém me olhando, dou meia volta e me retiro. Juro por Deus que não era essa a vontade da minha alma, no entanto não há mais o que fazer, ele se foi.
Agora só me resta espera, esperar e esperar e quando aquele navio pirata voltar... a quando ele voltar... estarei lá, no cais, para recebê-lo.

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